O muro, pode se considerar que tenha realidade de fato, afinal há um consenso sobre isso, até ,é claro que o derrubem, como as muralhas de Jericó, como o das duas Alemanhas, como será o da China. Mas não é sua temporalidade que está em questão senão sua existência real. ou melhor, quero colocar a questão da capacidade de percepção da realidade.
Por exemplo: um dia um amigo me disse que tinha um certo receio que a realidade pudesse mudar repentinamente, no meio da noite, e tchuf, mas como ela poderia mudar por completo, mudaria também na mente das pessoas e ninguém poderia se dar conta. - se derrepente, de um dia para o outro, simplesmente desaparecessem os gatos, mas não tão simplesmente os gatos sumissem, desaparecesse por completo a existência dos gatos, a palavra gato desapareceria junto, desapareceria qualquer memória ou idéia "Felis silvestris catus" completamente -. Ou seja uma mudança qualquer na realidade implica uma mudança de igual ou maior proporção na mente dos sujeitos que a percebem.
Já outro amigo expôs o caminho inverso: Se uma mente coletiva fosse direcionada comunicativamente a um distanciamento lexical da palavra gato, de modo que se inviabilizassem aos poucos qualquer pensamento em referido animal, certamente aos poucos também se inviabilizariam sentimentos e logo a percepção do supracitado vertebrado. Tornar-se-iam sombras na noite, vultos. e se integrariam à histórias espectrais.
Mas desta forma poderia-se negar o miado?
O problema deste meu amigo é que nunca o ensinaram a perceber a realidade, nem a ele nem a ninguém, e nos distanciamos cada vez mais da realidade nas redes sociais e no mundo virtual.
E se partíssemos da seguinte experiência particular: É noite, na cama, olhos fechados, emaranham-se as visões, uma sombra se move, sonho, consciência, o fatídico [mmiaaoww] miado, a imagem, olhos fechados, levanto, abro a janela, e, olhos, Ei-lo.passando sobre o muro. O Gato. Como em minha mente. Como a imagem de um antigo sonho.