09 outubro, 2012

Vai uma lambidinha aí?: Estamos em obras

Vai uma lambidinha aí?: Estamos em obras

Era só um lance de escadas, na saída de emergência, atrás da porta corta-fogo. Era um lance de último andar do prédio, de dormir no terraço sereno, de acordar no extintor de incêndio e fugir pelo elevador. Foi um lance de alguma conversa, muitos olhares e tão pouco tato - eu com a boca aberta, esperando o contato, fingindo não ter sono pra te prolongar em mim. Mas era um lance. Foi uma lança. Uma lança que veio sei lá de onde e me prendeu no corrimão, do lado direito e - degrau a degrau -, eu só podia subir! Subimos. Foi um lança. Um perfume. Nossos olhos estalados, nossos corpos misturados, nossas almas retorcidas, nossas línguas congeladas. Congelei. Perfumei. Lancei. Dirão que foi passageiro e que nessas escadas passa qualquer um. Dirão que não vale a pena e que esse abraço é tão quente em todos quanto foi em mim. Dirão tanto, mas tanto que já me esqueci do que vão dizer. Lancei os conselhos escada abaixo e colhi só as palavras que eu queria. Bobagem. Besteira. Um apressado na contra-mão. Mas avancei mais um lance, subi outra escada, pisei mais degrau. Cheguei no terraço; era noite, era fria, era lua linda no céu. Era primavera, era cheiro de dama da noite, era um lança no pano de chão. Um perfume. E foi um perfume tão encorpado, cabeça de lado, sorriso de canto - e eu? - eu só podia dormir. Dormimos. Acordei com a cabeça torta, a saudade quase morta e uma nota pra me agradecer. E eu? Eu acordei em você.

Flores, laetitia

10 setembro, 2012

Geogênesis do Homem


Origem e motor dos joelhos à dobrarem-se
gerada a nove bilhões novecentos e noventa mil anos
Heis a Rocha angular de adoração
centro de todo Coração determinado
esta Rocha flamígera
é plataforma e chão
do Templo da Deusa
Serpentinítica Senhora
envolta está nos cetros 
dos reis e rainhas que lavram a terra
deixando que brote 
dentro deles a Vida
do Mundo
O calor ascendente desta Senhora
funde e funda no homem
um coração amalgama de jaspe e sardônio
e, acima da mente
cristaliza-se Omini-conciência
mosaico das infinitas formas 
dançando cristalinas ao calor desta
Fogueira-Flor

11 agosto, 2012

n'outros tempos vagava a desvendar mistérios em árabes noites

livrei minha mente de enigmas tibetanos enterrando meu corpo numa tumba qualquer da cidade ancestral Samarcanda

na Turquia dancei com Dervisches coloridos a dança dos astros


golpeei tambores ritualísticos e pratiquei secretos yogas


esta noite, no entanto,

 encontro minha satisfação 


  numa cerveja bem gelada.

04 abril, 2012

Cérebro-nuvem: Do lado de dentro

Cérebro-nuvem: Do lado de dentro:    Lá fora é onde as coisas acontecem, aqui dentro é a calmaria. Como u ma parada no tempo/espaço extracorporal,  estar aqui é fechar absol...

entresono

ao acordar assustado seus olhos instintivamente procuraram pequenos fachos de luz que entravam pelas fresta da janela. a lua estava cheia.
e instigado por sua aversão ao desconhecer(-se), procurou, compenetradamente, decifrar os sentidos, ao mesmo tempo em que relembrava aos poucos do sonho.
havia soltado as rédias. Ou elas lhe escaparam. 
Violentamente rapidos eram os galopes dos cavalos. agora governados pelas leis do acaso (na melhor das hipóteses... pensou). 
mas no seguinte instante sentiu-se confuso pois dava-se conta de que os cavalos eram ele mesmo. as rédeas, soltas (por deliberação própria?), eram suas crinas ou os tentáculos de sua auto-razão que se soltavam.
ele era, naquele instante, dois obsidianos corceis disparados e em sua frente descortinava-se o abismo.
e nada mais era o abismo do que o seu escritório. - onde fica o botão de ejetar?
 Vladimir sentia-se um tanto vilipendiado,escarnecido por si próprio, por seu subconciênte.
desejava vingança. sairia por cima. queria voltar ao sonho
e então percebeu o óbvio. o abismo era sua face no espelho, lavando os olhos inchados pelo sono. ele era o desconhecido.
 -pensa que está acordado?
o abismo cuspia dragões de plumgens esfumaçadas. mas outro sonho parecia querer começar.
e no escritório sua raiva dirigia-se a impressora que não parava de soltar pagianas a lhe ofender.
-sei exatamente como é este sentimento por dentro.
-sabe?... estou a te contar o que sonharás esta noite.
-sim. falavamos sobre o temor que a poesia causa mesmo às pessoas mais alheias. isso acontece pois o simbolo é universal e esta acima da razão.
-mas e o sonho?
- entenderás melhor agora. feche a porta desta varanda pois, é também ilusória. mantenha fechado os olhos.., relaxe e medite
sobre o abismo.


01 abril, 2012

quarta-feira

Era uma quarta-feira
umas duas e meia
um relatório para entregar
a Poesia não suportou
resolveu largar tudo, abandonar-me
saiu-me pelos ouvidos
não parecia haver intensões suicidas
não deixou ao menos um bilhete
um recado mais elaborado entalhado por dentro do cranio...
aturdido a sua espera pego uma caneta
absorto na alvura de uma folha procuro lembrar
vislumbrar sua face em arriscados rabiscos
demasiadamente lógica e fria é a vida sem ela
nada mais a declamar.

21 março, 2012

Hora do mergulho



04 janeiro, 2012

Inacab

Por Carla Mariel

Vai uma lambidinha aí?: Dos detalhes inguardáveis

Vai uma lambidinha aí?: Dos detalhes inguardáveis
Por: Leiticia Flores Montalvão