04 abril, 2012

entresono

ao acordar assustado seus olhos instintivamente procuraram pequenos fachos de luz que entravam pelas fresta da janela. a lua estava cheia.
e instigado por sua aversão ao desconhecer(-se), procurou, compenetradamente, decifrar os sentidos, ao mesmo tempo em que relembrava aos poucos do sonho.
havia soltado as rédias. Ou elas lhe escaparam. 
Violentamente rapidos eram os galopes dos cavalos. agora governados pelas leis do acaso (na melhor das hipóteses... pensou). 
mas no seguinte instante sentiu-se confuso pois dava-se conta de que os cavalos eram ele mesmo. as rédeas, soltas (por deliberação própria?), eram suas crinas ou os tentáculos de sua auto-razão que se soltavam.
ele era, naquele instante, dois obsidianos corceis disparados e em sua frente descortinava-se o abismo.
e nada mais era o abismo do que o seu escritório. - onde fica o botão de ejetar?
 Vladimir sentia-se um tanto vilipendiado,escarnecido por si próprio, por seu subconciênte.
desejava vingança. sairia por cima. queria voltar ao sonho
e então percebeu o óbvio. o abismo era sua face no espelho, lavando os olhos inchados pelo sono. ele era o desconhecido.
 -pensa que está acordado?
o abismo cuspia dragões de plumgens esfumaçadas. mas outro sonho parecia querer começar.
e no escritório sua raiva dirigia-se a impressora que não parava de soltar pagianas a lhe ofender.
-sei exatamente como é este sentimento por dentro.
-sabe?... estou a te contar o que sonharás esta noite.
-sim. falavamos sobre o temor que a poesia causa mesmo às pessoas mais alheias. isso acontece pois o simbolo é universal e esta acima da razão.
-mas e o sonho?
- entenderás melhor agora. feche a porta desta varanda pois, é também ilusória. mantenha fechado os olhos.., relaxe e medite
sobre o abismo.


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