24 novembro, 2011

Gato

O muro, pode se considerar que tenha realidade de fato, afinal há um consenso sobre isso, até ,é claro que o derrubem, como as muralhas de Jericó, como o das duas Alemanhas, como será o da China. Mas não é sua temporalidade que está em questão senão sua existência real. ou melhor, quero colocar a questão da capacidade de percepção da realidade. Por exemplo: um dia um amigo me disse que tinha um certo receio que a realidade pudesse mudar repentinamente, no meio da noite, e tchuf, mas como ela poderia mudar por completo, mudaria também na mente das pessoas e ninguém poderia se dar conta. - se derrepente, de um dia para o outro, simplesmente desaparecessem os gatos, mas não tão simplesmente os gatos sumissem, desaparecesse por completo a existência dos gatos, a palavra gato desapareceria junto, desapareceria qualquer memória ou idéia "Felis silvestris catus" completamente -. Ou seja uma mudança qualquer na realidade implica uma mudança de igual ou maior proporção na mente dos sujeitos que a percebem. Já outro amigo expôs o caminho inverso: Se uma mente coletiva fosse direcionada comunicativamente a um distanciamento lexical da palavra gato, de modo que se inviabilizassem aos poucos qualquer pensamento em referido animal, certamente aos poucos também se inviabilizariam sentimentos e logo a percepção do supracitado vertebrado. Tornar-se-iam sombras na noite, vultos. e se integrariam à histórias espectrais. Mas desta forma poderia-se negar o miado? O problema deste meu amigo é que nunca o ensinaram a perceber a realidade, nem a ele nem a ninguém, e nos distanciamos cada vez mais da realidade nas redes sociais e no mundo virtual. E se partíssemos da seguinte experiência particular: É noite, na cama, olhos fechados, emaranham-se as visões, uma sombra se move, sonho, consciência, o fatídico [mmiaaoww] miado, a imagem, olhos fechados, levanto, abro a janela, e, olhos, Ei-lo.passando sobre o muro. O Gato. Como em minha mente. Como a imagem de um antigo sonho.

02 outubro, 2011

Prazeres abjetos: Natureza

Prazeres abjetos: Natureza: Ele tinha a casa, a família e um lote para capinar. Ele tinha um lote para a família, a casa, uma outra casa sem capinar e muito trabalho pe...
Fernando M. Serafim

Precipitação convectiva


Troveja...
Já são quatro e meia  ou ainda são quatro e meia?
Almoço de domingo, reunião familiar, silenciosos planos, estratégias impalpaveis
futuro sutilmente esquadrinhado...
No dia em que a terra parou...
Doce chuva,
solitária tarde primaveril
resquícios de lembranças imemoriáveis num copo de café.
tome uma chicara Sr. Carlos
- meu avo tinha uma égua chamada Preciosa. - toda semana levava-a  para pastar numa areá aqui pra baixo... - Era tudo mato por aqui naquela época.
...
- foram embora.
Encontro, inesperadamente, um ,oportunamente esquecido, cigarro de palha.
num banquinho na varanda, acendo-o.
"que a chuva caia como uma luva, um diluvio, um delírio...
que a chuva traga...
alivio imediato"

10 setembro, 2011

Rosa Purpura

Oh, suave e silenciosa rosa purpura da noite
ante ti vacilam e dobram-se meus joelhos
e emudecem meus pensamentos
frente a seu mistério
atônito e pasmado vai-se o tempo
e o querer também já se esvai
tenho apenas a oferta-lhe
pela graça deste momento
minhas entranhas
pois nada prezo mais que a verdade
e o que há em mim de mais verdadeiro?
nada de palavras
apenas viceras

Mel e Abelha


Quando me disse que o vidro era um liquido
O qual de viscoso não queria mais fluir
Percebi que na verdade não era do viscoso
Senão dos líquidos, e dos vidros, que ela bem sabia
Em verdade já de muito que sentia
Ou intuía que ela entende mesmo é de luzes
Enquanto faz jeito de cera
E derretendo vem pingar em meu peito ou meus ombros
Abrandando seu calor, Seus lábios queimam
Em sinfonias vespertinas como estrela
O cristalino de seus olhos corta os ares
Nas janelas mais antigas
De meu peito
O aroma de tua verde relva e de
 Tua terra. Tão feliz momento em que
Caem primeiras gotas de esperada chuva
E em meio à noite sai para um passeio
Pois lá fora já te esperam tantas cores
Enquanto em mim ainda é dia
Encontram-se meus lábios

Sherezade


Shere Shere Sherezade
Faz favor
me conte uma estória
que acabe!
pra que tanta espada
tanto bandido tanto tesouro?
que reino é esse que tem tanta alcova
armadilha e tanto ouro?
Sherezade
os limites de meu reino
são as barras de sua saia
o brilho de seus olhos
é um tesouro inconquitável
Mas meu licor real é o seu mel
Shere Shere Sherezade
todo conto tem seu ponto,
vem que a noite é longa
o vinho é fogo
e Loucos são
também os Enamorados

Prometeu desacorrentado

Que é que agora me da vontade de escrever
Que sentimento mais alho puríssimo
Sentimento cebola pra afasta demônios e anjos e o que vier
To assim
Seu barqueiro me deixa aqui mesmo
No meio do Aqueronte
Seu Caronte pára aqui nessa taberna
Que eu quero um copo do fél do Tifão
Seu abutre bica um poquinho mais pra lá
Que ai já tá calejado
Senhor algoz afia bem essa lamina
Que logo chega minha vez
de arrebenta minhas correntes
O cão Cérbero ta faminto Baby
Alguém tem que por ração
Traz um copo de cicuta com gelo
Pra esquenta nossa noite
Serpente cascavel não se faça de rogada
Quero bem mais de uma picada
Oh Basilisco não fujas
Vem Quimera venenosa
Vem Aspide de fogo
Hoje acordei canhestro
E meu beijo tem enxofre Baby
Ta lascado