01 janeiro, 2013

Cérebro-nuvem: A ré

Cérebro-nuvem: A ré: Sente  minha língua reticente  a desdobrar-se no vermelho  do sangue  que lhe ruboriza o corpo Sinta  minha língua ressentida  da ausência ...

Heleanor Caelajas


Heleanor Caelajas

I

Pensarei mais sobre Heleanor Caelajas na hora em que puder ascender o próximo cigarrro.
Mas até lá, Heleanor estará pensando em mim?
Em algum universo paralelo Heleanor pensa em mim.
Ela me escreve em seu caderno numa aula de faculdade.
O cigarro de Heleanor ascende-se antes do meu, muito mais despudorado e, diferente do meu, ausente de qualquer receio de dominação.  Au contraire,  é ela quem o domina.
Ela veste vermelho com absoluta naturalidade e, Dios mio, ela dança tango, como uma tenaz, delicada e firme, a colocar minhas gônadas em um forno industrial.
À vejo ao voltar do banheiro – cigarro acesso – no corredor próximo a escada, vermelho é seu batom, cabelo não me lembro, esvoaçantemente "sádica". – olhar. Mais um jocoso ardil de minha ofídica mente? Imponho duro combate ao impulso de demorar o olhar , nem que seja por um átimo de instante,  quadril à bajo. – Frieza, frieza, frieza pétrea afogando-se num mar de calor ardente. 




09 outubro, 2012

Vai uma lambidinha aí?: Estamos em obras

Vai uma lambidinha aí?: Estamos em obras

Era só um lance de escadas, na saída de emergência, atrás da porta corta-fogo. Era um lance de último andar do prédio, de dormir no terraço sereno, de acordar no extintor de incêndio e fugir pelo elevador. Foi um lance de alguma conversa, muitos olhares e tão pouco tato - eu com a boca aberta, esperando o contato, fingindo não ter sono pra te prolongar em mim. Mas era um lance. Foi uma lança. Uma lança que veio sei lá de onde e me prendeu no corrimão, do lado direito e - degrau a degrau -, eu só podia subir! Subimos. Foi um lança. Um perfume. Nossos olhos estalados, nossos corpos misturados, nossas almas retorcidas, nossas línguas congeladas. Congelei. Perfumei. Lancei. Dirão que foi passageiro e que nessas escadas passa qualquer um. Dirão que não vale a pena e que esse abraço é tão quente em todos quanto foi em mim. Dirão tanto, mas tanto que já me esqueci do que vão dizer. Lancei os conselhos escada abaixo e colhi só as palavras que eu queria. Bobagem. Besteira. Um apressado na contra-mão. Mas avancei mais um lance, subi outra escada, pisei mais degrau. Cheguei no terraço; era noite, era fria, era lua linda no céu. Era primavera, era cheiro de dama da noite, era um lança no pano de chão. Um perfume. E foi um perfume tão encorpado, cabeça de lado, sorriso de canto - e eu? - eu só podia dormir. Dormimos. Acordei com a cabeça torta, a saudade quase morta e uma nota pra me agradecer. E eu? Eu acordei em você.

Flores, laetitia

10 setembro, 2012

Geogênesis do Homem


Origem e motor dos joelhos à dobrarem-se
gerada a nove bilhões novecentos e noventa mil anos
Heis a Rocha angular de adoração
centro de todo Coração determinado
esta Rocha flamígera
é plataforma e chão
do Templo da Deusa
Serpentinítica Senhora
envolta está nos cetros 
dos reis e rainhas que lavram a terra
deixando que brote 
dentro deles a Vida
do Mundo
O calor ascendente desta Senhora
funde e funda no homem
um coração amalgama de jaspe e sardônio
e, acima da mente
cristaliza-se Omini-conciência
mosaico das infinitas formas 
dançando cristalinas ao calor desta
Fogueira-Flor

11 agosto, 2012

n'outros tempos vagava a desvendar mistérios em árabes noites

livrei minha mente de enigmas tibetanos enterrando meu corpo numa tumba qualquer da cidade ancestral Samarcanda

na Turquia dancei com Dervisches coloridos a dança dos astros


golpeei tambores ritualísticos e pratiquei secretos yogas


esta noite, no entanto,

 encontro minha satisfação 


  numa cerveja bem gelada.

04 abril, 2012

Cérebro-nuvem: Do lado de dentro

Cérebro-nuvem: Do lado de dentro:    Lá fora é onde as coisas acontecem, aqui dentro é a calmaria. Como u ma parada no tempo/espaço extracorporal,  estar aqui é fechar absol...

entresono

ao acordar assustado seus olhos instintivamente procuraram pequenos fachos de luz que entravam pelas fresta da janela. a lua estava cheia.
e instigado por sua aversão ao desconhecer(-se), procurou, compenetradamente, decifrar os sentidos, ao mesmo tempo em que relembrava aos poucos do sonho.
havia soltado as rédias. Ou elas lhe escaparam. 
Violentamente rapidos eram os galopes dos cavalos. agora governados pelas leis do acaso (na melhor das hipóteses... pensou). 
mas no seguinte instante sentiu-se confuso pois dava-se conta de que os cavalos eram ele mesmo. as rédeas, soltas (por deliberação própria?), eram suas crinas ou os tentáculos de sua auto-razão que se soltavam.
ele era, naquele instante, dois obsidianos corceis disparados e em sua frente descortinava-se o abismo.
e nada mais era o abismo do que o seu escritório. - onde fica o botão de ejetar?
 Vladimir sentia-se um tanto vilipendiado,escarnecido por si próprio, por seu subconciênte.
desejava vingança. sairia por cima. queria voltar ao sonho
e então percebeu o óbvio. o abismo era sua face no espelho, lavando os olhos inchados pelo sono. ele era o desconhecido.
 -pensa que está acordado?
o abismo cuspia dragões de plumgens esfumaçadas. mas outro sonho parecia querer começar.
e no escritório sua raiva dirigia-se a impressora que não parava de soltar pagianas a lhe ofender.
-sei exatamente como é este sentimento por dentro.
-sabe?... estou a te contar o que sonharás esta noite.
-sim. falavamos sobre o temor que a poesia causa mesmo às pessoas mais alheias. isso acontece pois o simbolo é universal e esta acima da razão.
-mas e o sonho?
- entenderás melhor agora. feche a porta desta varanda pois, é também ilusória. mantenha fechado os olhos.., relaxe e medite
sobre o abismo.


01 abril, 2012

quarta-feira

Era uma quarta-feira
umas duas e meia
um relatório para entregar
a Poesia não suportou
resolveu largar tudo, abandonar-me
saiu-me pelos ouvidos
não parecia haver intensões suicidas
não deixou ao menos um bilhete
um recado mais elaborado entalhado por dentro do cranio...
aturdido a sua espera pego uma caneta
absorto na alvura de uma folha procuro lembrar
vislumbrar sua face em arriscados rabiscos
demasiadamente lógica e fria é a vida sem ela
nada mais a declamar.

21 março, 2012

Hora do mergulho



04 janeiro, 2012

Inacab

Por Carla Mariel

Vai uma lambidinha aí?: Dos detalhes inguardáveis

Vai uma lambidinha aí?: Dos detalhes inguardáveis
Por: Leiticia Flores Montalvão

24 novembro, 2011

Gato

O muro, pode se considerar que tenha realidade de fato, afinal há um consenso sobre isso, até ,é claro que o derrubem, como as muralhas de Jericó, como o das duas Alemanhas, como será o da China. Mas não é sua temporalidade que está em questão senão sua existência real. ou melhor, quero colocar a questão da capacidade de percepção da realidade. Por exemplo: um dia um amigo me disse que tinha um certo receio que a realidade pudesse mudar repentinamente, no meio da noite, e tchuf, mas como ela poderia mudar por completo, mudaria também na mente das pessoas e ninguém poderia se dar conta. - se derrepente, de um dia para o outro, simplesmente desaparecessem os gatos, mas não tão simplesmente os gatos sumissem, desaparecesse por completo a existência dos gatos, a palavra gato desapareceria junto, desapareceria qualquer memória ou idéia "Felis silvestris catus" completamente -. Ou seja uma mudança qualquer na realidade implica uma mudança de igual ou maior proporção na mente dos sujeitos que a percebem. Já outro amigo expôs o caminho inverso: Se uma mente coletiva fosse direcionada comunicativamente a um distanciamento lexical da palavra gato, de modo que se inviabilizassem aos poucos qualquer pensamento em referido animal, certamente aos poucos também se inviabilizariam sentimentos e logo a percepção do supracitado vertebrado. Tornar-se-iam sombras na noite, vultos. e se integrariam à histórias espectrais. Mas desta forma poderia-se negar o miado? O problema deste meu amigo é que nunca o ensinaram a perceber a realidade, nem a ele nem a ninguém, e nos distanciamos cada vez mais da realidade nas redes sociais e no mundo virtual. E se partíssemos da seguinte experiência particular: É noite, na cama, olhos fechados, emaranham-se as visões, uma sombra se move, sonho, consciência, o fatídico [mmiaaoww] miado, a imagem, olhos fechados, levanto, abro a janela, e, olhos, Ei-lo.passando sobre o muro. O Gato. Como em minha mente. Como a imagem de um antigo sonho.

02 outubro, 2011

Prazeres abjetos: Natureza

Prazeres abjetos: Natureza: Ele tinha a casa, a família e um lote para capinar. Ele tinha um lote para a família, a casa, uma outra casa sem capinar e muito trabalho pe...
Fernando M. Serafim

Precipitação convectiva


Troveja...
Já são quatro e meia  ou ainda são quatro e meia?
Almoço de domingo, reunião familiar, silenciosos planos, estratégias impalpaveis
futuro sutilmente esquadrinhado...
No dia em que a terra parou...
Doce chuva,
solitária tarde primaveril
resquícios de lembranças imemoriáveis num copo de café.
tome uma chicara Sr. Carlos
- meu avo tinha uma égua chamada Preciosa. - toda semana levava-a  para pastar numa areá aqui pra baixo... - Era tudo mato por aqui naquela época.
...
- foram embora.
Encontro, inesperadamente, um ,oportunamente esquecido, cigarro de palha.
num banquinho na varanda, acendo-o.
"que a chuva caia como uma luva, um diluvio, um delírio...
que a chuva traga...
alivio imediato"

10 setembro, 2011

Rosa Purpura

Oh, suave e silenciosa rosa purpura da noite
ante ti vacilam e dobram-se meus joelhos
e emudecem meus pensamentos
frente a seu mistério
atônito e pasmado vai-se o tempo
e o querer também já se esvai
tenho apenas a oferta-lhe
pela graça deste momento
minhas entranhas
pois nada prezo mais que a verdade
e o que há em mim de mais verdadeiro?
nada de palavras
apenas viceras

Mel e Abelha


Quando me disse que o vidro era um liquido
O qual de viscoso não queria mais fluir
Percebi que na verdade não era do viscoso
Senão dos líquidos, e dos vidros, que ela bem sabia
Em verdade já de muito que sentia
Ou intuía que ela entende mesmo é de luzes
Enquanto faz jeito de cera
E derretendo vem pingar em meu peito ou meus ombros
Abrandando seu calor, Seus lábios queimam
Em sinfonias vespertinas como estrela
O cristalino de seus olhos corta os ares
Nas janelas mais antigas
De meu peito
O aroma de tua verde relva e de
 Tua terra. Tão feliz momento em que
Caem primeiras gotas de esperada chuva
E em meio à noite sai para um passeio
Pois lá fora já te esperam tantas cores
Enquanto em mim ainda é dia
Encontram-se meus lábios

Sherezade


Shere Shere Sherezade
Faz favor
me conte uma estória
que acabe!
pra que tanta espada
tanto bandido tanto tesouro?
que reino é esse que tem tanta alcova
armadilha e tanto ouro?
Sherezade
os limites de meu reino
são as barras de sua saia
o brilho de seus olhos
é um tesouro inconquitável
Mas meu licor real é o seu mel
Shere Shere Sherezade
todo conto tem seu ponto,
vem que a noite é longa
o vinho é fogo
e Loucos são
também os Enamorados

Prometeu desacorrentado

Que é que agora me da vontade de escrever
Que sentimento mais alho puríssimo
Sentimento cebola pra afasta demônios e anjos e o que vier
To assim
Seu barqueiro me deixa aqui mesmo
No meio do Aqueronte
Seu Caronte pára aqui nessa taberna
Que eu quero um copo do fél do Tifão
Seu abutre bica um poquinho mais pra lá
Que ai já tá calejado
Senhor algoz afia bem essa lamina
Que logo chega minha vez
de arrebenta minhas correntes
O cão Cérbero ta faminto Baby
Alguém tem que por ração
Traz um copo de cicuta com gelo
Pra esquenta nossa noite
Serpente cascavel não se faça de rogada
Quero bem mais de uma picada
Oh Basilisco não fujas
Vem Quimera venenosa
Vem Aspide de fogo
Hoje acordei canhestro
E meu beijo tem enxofre Baby
Ta lascado